sábado, 9 de janeiro de 2021

Por que a categoria de base é tão importante no futebol?

Quem vê o futebol sempre fica abismado com o talento dos profissionais. É uma enorme exibição de talento físico e técnico, que cativa todos que estão assistindo. Contudo, ao apreciar o produto finalizado, é normal negligenciar um pouco todo o trabalho que os jogadores fizeram para chegar lá. Isso começa desde muito cedo, nas categorias de base. Mas, por que esse aspecto do futebol é tão importante? Começando muito cedo Ninguém fica pronto de cara. Mesmo entre os melhores jogadores de futebol do mundo, sempre leva algum tempo para que eles atinjam o ápice da sua carreira. Durante o início da carreira como profissional, com um pouco mais de 20 anos normalmente, existe muita inconsistência, que é comum da juventude. O futebol é disputado no maior nível de competição possível e, para ter sucesso lá, não é preciso apenas ter talento. É necessário também trabalhar e treinar muito, desde cedo, para conseguir chegar lá. Esse processo começa na categoria de base. De nada adianta ter talento se o jogador tem alguma falha técnica grave em algum fundamento. A não ser que a habilidade seja descomunal, a maioria dos treinadores e preparadores não irá se dar ao trabalho de treinar um atleta que já deveria estar formado. É por isso que esse processo ocorre na categoria de base. Os atletas aprendem desde muito cedo todos os fundamentos, de modo que quando cheguem à carreira profissional, isso seja quase automático e parte da sua natureza. O atleta profissional cultiva bons hábitos em campo, que são instalados na categoria de base. Desde quando ele chega no sub-11 até se “formar” no sub-17, o jogador aprende todos os conceitos básicos, para guiar o seu talento de forma produtiva em campo. É um processo bem semelhante a uma criança que está estudando. Na escola, ela vai aprendendo o básico, evoluindo até poder desafiar a inteligência em momentos mais críticos, como na faculdade. No futebol, é a mesma coisa. A categoria de base é a escola, em que o futuro atleta aprende a “ler e escrever” a língua da bola. O complemento à parte técnica que é aprendida com os preparadores e técnicos é o nível de competição. A categoria de base dá ao atleta a primeira experiência em lidar com um nível de competição mais elevado, tão bom quanto ou até maior que o seu. Essa é uma forma de familiarizar o atleta com esse nível de competição e prepará-lo para lidar com os rivais e, até mesmo, com os próprios colegas. Junto com a competição vem a cooperação. O futebol é um esporte coletivo, e quanto maior é o nível de competição mais difícil é “ganhar sozinho”. Na categoria de base, o atleta aprende não somente a desenvolver suas habilidades, mas também a depender do companheiro e fazer com que seus colegas de equipe sejam melhores, os colocando em melhor posição de ter sucesso. Isso vem através de um passe que deixa o companheiro na cara do gol, uma cobertura bem-feita que não expõe buracos na defesa, ou até mesmo através de uma motivação ou apoio ao colega. O companheirismo e o espírito de liderança são fundamentais para atingir o sucesso nos níveis mais altos, e isso também começa desde cedo. Complementando o aspecto técnico e mental, existe o físico. Os atletas precisam ter uma preparação física impecável para se manter no ápice e sobreviver em um ramo tão competitivo. Por isso, também desde cedo, é preciso que o atleta se acostume e entenda a importância de se exercitar. É claro que a carga de exercício não será a mesma. O mais importante para o atleta de base é incorporar esse hábito na sua rotina. Enquanto o campo é o principal aspecto da vida profissional de um atleta, ele não é o único. O jogador de futebol profissional também é um ser humano e, além de desenvolver as suas habilidades e seu físico, precisa desenvolver o seu aspecto emocional e pessoal. Nas categorias de base esses aspectos também são “treinados”. A convivência com os companheiros e a orientação positiva de treinadores e preparadores também ensina os jogadores a lidarem com a pressão, não somente do campo, mas também da vida.
O outro lado da categoria de base Todo mundo conhece a natureza do futebol profissional no Brasil. Os clubes, na maioria, não têm muita opção para se reforçar. É muito difícil competir financeiramente com a Europa, e até mesmo mercados não tradicionais, como a China e a Arábia, estão se mostrando eficazes em “roubar” talento dos clubes brasileiros. Como, então, um clube brasileiro pode se reforçar? A melhor, e mais eficiente, opção é ter um conjunto de jogadores em casa, na base, para poder elevar aos profissionais. Essa é a história de alguns dos maiores times da história do país, que obtiveram grande parte do seu sucesso através de talentos que foram revelados na categoria de base. Afinal, craque o time faz em casa, segundo um dos maiores clubes de futebol do país. Além de ser uma das melhores formas de ter uma equipe competente, sem precisar gastar muito dinheiro, as categorias de base são também um excelente investimento para as equipes. Grandes craques brasileiros têm sido vendidos antes mesmo de se tornarem ou se consolidarem como profissionais, e suas futuras transferências geral retorno para o clube mesmo anos após a venda inicial. A categoria de base acaba sendo a maior fonte de retorno para os clubes brasileiros. Sob qualquer ponto de vista, a categoria de base tem uma participação fundamental no futebol brasileiro. É nela que, desde cedo, o atleta aprende tudo sobre o esporte, desde os conceitos fundamentais, formas de refinar sua técnica, até o seu desenvolvimento pessoal e emocional. Para os clubes, a categoria de base é uma forma de manter uma equipe de qualidade e ainda um investimento que pode trazer retornos altíssimos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário