Ao reformar seu estatuto, a CBF tinha o discurso de que pretendia democratizar a entidade. Contratou uma consultoria (Ernest & Young), ouviu advogados e representantes de clubes. E, no final, aprovou uma mudança que reduz o poder de votos dos clubes sem nenhuma comunicação ou participação deles na decisão.
Em sua gestão, o presidente da confederação, Marco Polo Del Nero, prometeu aumentar a participação dos clubes na CBF, principalmente quando estava fragilizado por investigações do FBI. Até lhes deu prerrogativas de mandar nas regras do Brasileiro. Mas os excluiu do centro de poder da entidade.
Um exemplo é que eles foram ignorados na mudança do estatuto. Havia dois representantes dos clubes no Comitê de Reforma da CBF que discutia o novo estatuto, os presidentes do São Paulo, Carlos Augusto de Barros e Silva, e do Botafogo, Carlos Eduardo Pereira. O primeiro desconhecia a mudança no estatuto.
''Não participei. Não tenho notícia. Precisarei me inteirar antes de dar qualquer opinião'', contou o presidente são paulino, Leco. Não foi o único. Nesta quinta-feira, assessores de clubes começavam a repassar as informações aos presidentes. ''Ainda não li, mas somos a favor de pesos iguais para todos'', disse o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello.
A surpresa se explica porque, depois de meses na geladeira, a proposta de mudança de estatuto foi feita exclusivamente pela CBF. Foi levada à assembleia administrativa composta pelas federações e aprovada a mudança que dá peso três aos votos de federações, dois aos clubes da Série A, e um dos times da Série B. Antes, todos tinham peso igual. Agora, federações têm maioria na eleição.
Clubes da Primeira Liga pediram participação nesta assembleia alegando que está previsto na Lei do Profut. Foram ignorados pela CBF que tem entendimento diverso da lei: a entidade defende que nenhuma lei pode interferir no seu estatuto.
O secretário-geral da CBF, Walter Feldman, disse que não cabia avisar os clubes, pois não é previsto pelas regras. A confederação também não alertou jornalistas, ou informou em seu site a realização da assembleia surpresa. Só cumpriu a lei ao publicar em jornais que o encontro ocorreria, coincidentemente marcado para o dia de jogo da seleção. Feldman defendeu as mudanças.
''Com essa nova estruturação, que dá peso 2 a Série A, inclusão da Série B, com 1. Mantém-se a proporcionalidade de 42,5%'', contou o secretário-geral da CBF, Walter Feldman. ''A presença de 42,5% é muito expressiva em um sistema federativo.''
Haverá um novo conselho de administração da CBF com oito vices-presidentes, o que teoricamente reduziria o poder do presidente. Mas serão todos da mesma chapa eleita pelo presidente ao contrário do que ocorre na Fifa. Comissões de finanças e ética também terão indicados pelo mandatário.
fonte uol
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