sábado, 20 de julho de 2019

Do campo para as areias: time de amputados da Ponte desafia limites para ingressar no futevôlei


Jogadores do projeto de futebol para deficientes da Macaca buscam alavancar modalidade


Extremamente popular nas praias e entre os boleiros, o futevôlei ganhou uma versão adaptada. Jogadores do projeto de futebol para amputados da Ponte Preta "migram" às areia uma vez por semana, em Campinas, com intuito de praticar a modalidade. O caminho a ser percorrido ainda é longo - e proporcional aos desafios a serem superados.
O principal deles está no deslocamento com as muletas, que afundam constantemente no terreno instável. Isso é um obstáculo não apenas para os jogadores, mas também para os professores. Bruno Rached, de 29 anos, e Leonardo Grego, 26, têm passado atividades baseadas em exercícios funcionais para ajudar os atletas nesse aspecto.
- Usamos o treinamento funcional para desenvolver o futevôlei. O deslocamento da muleta dentro da areia é o principal desafio. Tem o desgaste no membro inferior, e também um desgaste muito grande nos membros superiores, onde é preciso fazer força para se deslocar. Não podemos priorizar só a parte técnica enquanto o restante do corpo está trabalhando. A parte de fortalecimento é essencial - explicou Rached.
Não à toa, a primeira parte do treinamento de uma hora e meia consiste em exercícios voltados à parte física e ao equilíbrio com a muleta. Em um deles, os jogadores formam rodas e ficam de pé sem o auxílio do instrumento - o objetivo é se equilibrar enquanto tenta derrubar o companheiro. O treino com bola e as partidas aparecem na sequência.
A equipe ainda não conseguiu estar completa em nenhum treinamento. O capitão Maurício Mendes, o Juninho, explica que dos 15 atletas de futebol da Macaca, em média, oito participam do futevôlei. O principal motivo das ausências está na distância, pois muitos vivem em outras cidades e precisam viajar.

- A gente precisa se aperfeiçoar um pouco mais. A galera está um pouco crua. Treinamos toda quarta, mas fica difícil para os atletas viajarem. Tem atleta de Araras, Jaguariúna, Leme, fica mais complicado, alguns têm que vir de ônibus. Geralmente, são oito atletas nesse período, essa é a base de frequência, ainda não juntamos 100% da galera - contou.
O projeto está em estágio inicial - começou no fim de maio devido à parceria com a Arena Barão, centro de treinamento a praticantes da modalidade. As regras são as mesmas do futevôlei convencional, porém, ainda passam por adaptações. Rached revela que os resultados têm sido vistos pelo desempenho no futebol.
- Há alguns atletas espalhados pelo país, mas nada de regulamento ou torneios, estamos lapidando, não há nada 100% definido. Os jogadores também competem no futebol, eles já deram feedback que tiveram retorno em campo, com aprimoramento técnico, principalmente na questão de um toque só na bola, acelerar as jogadas, isso acaba dando um ganho - disse.
Enquanto a modalidade é aprimorada, há também o sonho de colocá-la em evidência no cenário nacional. Juninho faz planos para organizar um torneio, primeiro entre os membros do projeto e depois tentar expandir com disputas mistas entre andantes e amputados.
- Vamos nos aperfeiçoar, treinar bastante para ter um torneio nosso de amputados. Primeiro, pensamos em algo aqui, e depois quem sabe fazer algo maior. Acho que seria algo inédito no Brasil, até mesmo no mundo. Também pensamos em algo misto, um andante e um amputado. Mas, ainda estamos aperfeiçoando tudo - completou.
*Estagiário colaborou sob supervisão de Heitor Esmeriz

fonte globo esporte



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