sábado, 24 de junho de 2017

Uma das artilheiras do Brasil no Pan, Mariana Costa trocou futebol profissional pelo handebol

Ponta foi para a Dinamarca e experimentou de tiro a surfe, mergulho e pilotagem de barco


   Buenos Aires (ARG) - Mariana Costa é uma daquelas atletas que tem muita história para contar: quase foi jogadora de futebol, em vez de jogar handebol; fez faculdade de Esportes na Dinamarca tendo experimentado de tiro a surfe, mergulho em mar com -10º e pilotagem de barco; e ouviu de um médico que, por conta de uma lesão séria, nunca mais poderia jogar.
Mas joga, e muito. Campeã mundial com o Brasil em 2013, a ponta entra em quadra neste sábado (24) para defender a seleção brasileira nas semifinais do Campeonato Pan-Americano de Buenos Aires contra o Uruguai, às 16h. E é ela a artilheira do Brasil até aqui, depois de quatro jogos disputados no torneio continental, com 22 gols - empatada com a Jéssica Quintino.
Futebol ou handebol?
Como quase toda criança, Mariana só tinha contato com o handebol na escola. Gostava mesmo era de futebol e já caminhava para o profissionalismo. Aos 10 anos, praticava as duas modalidades. Mas aos 13, precisou decidir. “O XV de Piracicaba me ofereceu um contrato, e o técnico disse que não dava mais para brincar. Joguei uma partida de handebol cadete e foi aí que mudou tudo. Sai da quadra, acenei para o meu pai e gritei: 'pode falar que não quero contrato nenhum. Vou jogar handebol.”
Hoje, não se imagina com a bola nos pés. “Avisei meu pai que meu objetivo era jogar fora do Brasil e defender a seleção. Minha vida se enquadrou para eu jogar handebol. Esse desafio de ajudar a desenvolver no meu País uma modalidade que não é todo mundo que pratica é o que me move. Há anos, o handebol não era visto. Agora, vemos ginásios lotados e a torcida sabendo nossos nomes...”
Velho continente
O primeiro objetivo foi conquistado no final de 2012. Depois de 12 anos defendendo o Clube Piracicabano de Handebol, Mariana foi jogar no Team Vendyssel, da segunda divisão da Dinamarca. Ficou lá um ano e meio e recebeu proposta do Hypo, da Áustria, clube que defendeu também por um ano e meio. De volta à terra dinamarquesa, foi contratada pelo Nykobing HandboldKub, desta vez na primeira divisão.
A primeira temporada correu tudo bem. Na última, 2016/2017, a ponta sofreu uma grave lesão no cotovelo, tendo rompido ligamentos e muscúlos, além de várias micro-fraturas. Ouviu de um médico que nunca mais conseguiria jogar handebol.
Foi em 16 de setembro, no primeiro jogo da Liga. O especialista disse que se eu não operasse em três dias, ia perder o movimento de rotação. Engessaram meu braço errado, passei muito mal. Mas é meu trabalho, não podia desistir. Cheguei ao melhor médico da Dinamarca e ele me ajudou. Meu metabolismo reagiu sem dor à fisioterapia e os seis meses esperados para eu voltar a jogar diminuíram para quatro.”
Deu tudo certo. Mariana voltou à quadra a tempo de ajudar sua equipe a conquistar o título da Liga Dinamarquesa. As finais eram melhor de três jogos. Depois de ter perdido o primeiro - em que ela não atuou -, o Nykobing venceu os outros dois - em que ela jogou os 60 minutos. “Na última partida da série, estávamos perdendo. Fiz três gols e ganhamos por três gols. Fomos campeãs em casa. Então, só tenho o que comemorar por tanta superação.”
De tiro a surfe, mergulho e pilotagem de barco
Quando definiu que jogaria na Europa, em 2012, Mariana se matriculou, lá, em uma faculdade de Esportes, equivalente à Educação Física do Brasil. Mas bem diferente, na prática. As disciplinas do curso eram vivenciar vários esportes, dos comuns ao mais inusitados, que ela nunca tinha experimentado em seu País.
Foi uma das melhores e mais incríveis e diferentes experiências da minha vida. Aprendi hóquei de quadra, badminton, surfe, kart, arco e flecha, andar a cavalo, tiro, esqui, pilotagem de barco, jogos de tabuleiro e mergulho. Mergulhei num rio que era o começo do mar; saíamos da Dinamarca e íamos para outros países em uma água com -10º. Tudo isso em um ano e meio de faculdade.”
Mas sua praia é mesmo o handebol. Aos 24 anos, a paulista de Piracicaba é uma das peças importantes nesse momento de transição da seleção brasileira e vem se destacando no Pan-Americano de Buenos Aires, que vale muito: os três melhores países conquistam vaga no Campeonato Mundial da Alemanha, em dezembro. Se vencer o Uruguai neste sábado (24), o Brasil já garante a sua.


fonte cbhb

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